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A minha experiência com a Covid-19: sintomas, evolução da doença e SNS

Foto do escritor: Marta RangelMarta Rangel

Comecei a ter os primeiros sintomas no dia 17 de Novembro, terça-feira, cerca de três dias depois da data em que calculo ter ficado infetada. Quando me levantei, senti um cansaço extremo. Mas, como estou grávida e tinha insónias, penseii que pudesse dever-se a isso. Comecei a ter algumas dores de garganta e, na quinta-feira seguinte, tive febre: entre 38,5 e 39. Apesar de não ser uma febre muito elevada, estava preocupada porque uma pessoa da minha família próxima, com quem eu tinha estado no dia 14, estava com febre alta. Apesar de não termos tido qualquer contacto físico, termos usado máscara e mantido a distância, poderia ser um factor preocupante. Contactei a Saúde 24 e disseram-me que os meus sintomas não eram compatíveis com Covid19, mas, como estava grávida, poderia ir a umas urgências. Decidi ir ao Hospital de Cascais e fui informada que o melhor a fazer era não estar ali: por um lado, não podia ser observada na Obstetrícia porque tinha tido febre; por outro, pelo facto de estar grávida, não queriam colocar-me no "Covidário" para não correr riscos. Deram-me um número de um centro de saúde da área do Estoril, de onde nunca atenderam.



Regressei a casa e resolvi contactar o centro de saúde da minha área de residência: Unidade de Saúde Familiar (USF) do Dafundo. Expliquei a situação e a médica com quem falei aceitou passar uma prescrição para fazer o teste. Fiz o teste à Covid no Sábado, dia 21 de Novembro, à tarde, num laboratório em Lisboa, À noite, comecei a sentir-me pior, com dores na região lombar e nos ovários. Pensei que pudesse ser algo relacionado com a gravidez e, à noite, dirigi-me às urgências do Hospital da Luz. Fizeram-me análises ao sangue, à urina e um raio x ao tórax. Explicaram-me que o raio X podia ter alguns riscos (embora residuais) para o bebé e, por isso, protegeram-me com uma espécie de cinta metálica à volta da barriga. Segundo a médica que me atendeu, o raio x ao tórax mostrava sinais de infeção respiratória, que poderia ser Covid ou outra infeção qualquer. Como tal, teria de esperar pelo resultado do teste que tinha feito no laboratório. Recebi-o no dia seguinte, domingo, e era positivo.

De imediato, contactei a Saúde 24 a informar que tinha um teste positivo e a reação que obtive foi: "E está a ligar-nos porquê?". Expliquei, mais uma vez, a situação e perguntei como deveria proceder com os familiares com quem tinha estado em contacto. Responderam-me: "Isso não é connosco. Vai ser contactada pelo delegado de saúde". E quando perguntei se o delegado de saúde seria alguém da Direção-Geral da Saúde (DGS) ou do centro de saúde da minha área de residência, não souberam esclarecer.

Fiquei em casa, em isolamento, e dois dias depois sentia-me pior. Tinha tosse, dificuldade em respirar e um aperto no peito. Por minha iniciativa, resolvi regressar ao Hospital de Cascais. A médica que me atendeu, nas urgências, não quis fazer raio-x ao tórax por causa dos riscos existentes para o bebé e também entendeu que eu não precisava de ser observada pela Obstetrícia. Auscultou-me e fez análises e concluiu que os meus sintomas não eram a infeção por Covid a piorar, mas, no entender dela, era apenas uma tosse alérgica. Tentei explicar o meu ponto de vista, mas ouvi, como resposta, "Eu é que sou a médica e sei o que estou a fazer". Receitou-me duas "bombas" respiratórias para fazer em casa. No dia seguinte, piorei. Estava de cama, tinha dificuldade em levantar-me, não tinha forças para andar e praticamente não conseguia comer porque, quando tentava, tinha ataques de tosse e falta de ar. Pensei que poderia melhorar com o tratamento. Mas piorei. Na sexta-feira seguinte, dia 27 de novembro, estava muito fraca e tive a sorte de ser contactada pela minha médica de família, da USF Dafundo, que teve o cuidado de me ligar praticamente todos os dias. Ao ouvir a minha respiração, alertou que eu tinha, imediatamente, de ir para o Hospital. Chamei o 112 e enviei uma mensagem a uma amiga, que vive perto e tem a cópia da chave da minha casa. Os bombeiros chegaram no espaço de 15 minutos e a minha amiga abriu-lhes a porta. Já saí, com ajuda, de cadeira de rodas, sem forças. Fui levada para o Hospital São Francisco Xavier, onde fiquei internada durante uma semana. E aqui foi o melhor que me aconteceu. Contarei no próximo vídeo. Obrigada a todos os que me têm enviado mensagens, telefonado e demonstrado carinho e preocupação. Espero que o meu testemunho seja um alerta: este vírus pode ser perigoso mesmo para pessoas jovens e saudáveis. Cuidem-se! <3

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