Gostam de calçar um sapato apertado? Aposto que não. Quem diz sapato, diz um chapéu que não cabe na cabeça ou umas calças que não são do nosso tamanho.
Acredito que, na vida, é igual: se é preciso forçar alguma coisa ou alguém, é porque não é para nós. No mesmo sentido, não devemos forçar um determinado sentimento ou estado de espírito. Por mais que o pensamento positivo esteja na moda, não devemos estigmatizar o negativo. Muito menos, ignorá-lo. Se é para sentir - bom ou mau - é para sentir. Se estamos tristes, devemos permitir-nos estar tristes. Sit with it, diz a expressão em inglês. "Sentar" com a tristeza, observá-la, aceitá-la. Se precisamos de chorar, choramos. Se precisamos de conversar com alguém, conversamos. Se preferimos "desabafar" para o papel, então que escrever seja o nosso escape. Desde que não deixemos que a tristeza se instale. Desde que saibamos pedir ajuda. Defendo, há mto tempo, que a saúde psicológica é tão importante quanto a física. E acredito que a maioria das doenças tem origem psicossomática. Mesmo as mais graves. Por isso, é tão importante "ouvir" o corpo, estar atento aos sinais. Ao longo da minha vida, já estive, por 2 vezes, perto de um esgotamento. Felizmente, soube parar. Desde, então, descobri que existem algumas estratégias, que me ajudam a regular as emoções, a encontrar o (meu) equilíbrio. Uma delas aprendi durante o curso de PNL (Programação Neuro-linguística) e consiste em "mudar de estado (de espírito)". Em 1º lugar, é importante identificar a emoção que estamos a sentir: tristeza, angústia, raiva, medo... o que seja. Depois, permitirmo-nos sentir durante o tempo necessário. E, por último, saber alterá-la. O que funciona para nos sentirmos melhor? Ouvir música, caminhar junto ao mar, dar um passeio na Natureza, ver uma série, ler? Seja o que for, há actividades - saudáveis - que todos temos na nossa vida e que têm o "poder" de nos fazer sentir melhor. Digo "saudáveis" porque é preciso não confundir com escapes. Tentar "escapar", fugir, de uma emoção é meio caminho para ela permanecer no mesmo sítio, escondida, soterrada e consumir-nos devagarinho ou voltar à tona quando menos esperamos. É verdade que todos precisamos de escapes: uns mais saudáveis, outros menos. E, com moderação, acredito que (quase) todos podem ser utilizados de vez em quando. Desde que não os usemos para fugir do que sentimos. Por exemplo, beber um copo de vinho pode ser uma óptima forma de descontrair, mas beber álcool de cada vez que nos sentimos mal pode ser um mau princípio. Creio que fazemos parte de uma geração que aprendeu a cuidar do corpo. Quando estamos doentes, quando nos dói alguma coisa, vamos ao médico, tomamos medicamentos, fazemos um tratamento. E quando se trata do espírito, do emocional, do psicológico?
Não é à toa que devemos ter “mente sã em corpo são”. E não ao contrário. Então porque é que não procuramos quem nos ajude a cuidar da mente com a mesma naturalidade que fazemos em relação ao corpo? Somos um todo. Indivisível. E enquanto não percebermos isso vamos andar a tratar a superfície, a ponta do icebergue. Ontem foi Dia Internacional da Saúde Mental. Mas devemos cuidar dela todos os dias.
Sessão fotográfica realizada pela Owl em Agosto de 2020 no Hotel Corinthia Lisboa. Maquilhagem: Susana Correia powered by Vanytime
Cabelo: Mude XXI
O chapéu é Celso Fiúza Handmade.
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