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  • Foto do escritorMarta Rangel

Um grito de socorro vindo do Afeganistão

“Sou uma rapariga afegã, mas preferia não ser. Um dia, gostava de ser uma boa médica, uma escritora, uma poetisa. Tenho tantos desejos no meu coração. Mas agora sinto que já não estou viva. Estou a afundar-me na escuridão. Por favor, mulheres de todo o mundo não nos abandonem. Precisamos do vosso apoio. Ainda estou viva, mas sinto que estou a morrer junto com os meus sonhos.”

Este é o início de uma mensagem que recebi de uma rapariga afegã. Procurei, dentro das possibilidades, confirmar a veracidade do que ela relata. A conta de Instagram de onde me escreve, as fotografias que publica, parecem reais. Resolvo confiar. Pergunto como posso ajudar, se me autoriza a contar a sua história.


- Nao sei como podes ajudar-nos. Mas, nos dias que correm, só preciso que alguém me diga que vai correr tudo bem, que o mundo está do nosso lado.



Comprometo-me a não revelar a sua identidade, sob qualquer forma. E conta-me um pouco mais.


- Também sou escritora e escrevo, todos os dias, sobre os talibãs. Eles são terroristas e, se souberem onde vivo, matam-me. Não sei o que fazer.


Não sei onde vive e também não pergunto.Diz-me que estudou Medicina durante 6 anos e faltava apenas um mês para terminar o curso. Mas, com o regresso dos talibãs, sente que todos os seus sonhos foram “destruídos”.


- Os talibãs não deixam as mulheres sair de casa para trabalhar, ir à universidade ou à escola. Se arriscarmos, matam-nos ou fazem-nos mal.


Para além de ver os estudos - e os sonhos - interrompidos, ela é também o sustento da família.


- Enquanto estudante de Medicina, trabalho num Hospital e dou apoio à minha família. Se eu não for trabalhar, não sei o que vai ser de nós!


Ao longo da (curta) conversa, não me pede qualquer tipo de ajuda, seja financeira ou institucional. Pede, apenas, que o mundo ajude as mulheres afegãs.


- Os talibãs matam pessoas inocentes todos os dias. Não sei como vamos sobreviver neste Inferno. Acho que vamos morrer todos!


Não sei como ajudar esta rapariga, em particular. Mas está ao alcance de todos não deixar que o assunto saia da agenda política e mediática.


 

Fotografia de @mmuheisen publicada em @everydayrefugees

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