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  • Foto do escritorMarta Rangel

#todaagentetemumahistoria

Maria Adelaide é uma contadora de histórias. E todas têm uma moral, uma aprendizagem. Aprendeu com a mãe e nunca mais esqueceu. Contou-as aos filhos. E, agora, os netos replicam as palavras - e, sobretudo, os ensinamentos. Tudo o que aprendeu em casa levou para a escola, para a profissão. A professora Adelaide foi também mãe e avó dos alunos. Deu-lhes o que de melhor tinha para dar. Ainda os conhece de cor, com as fraquezas e as forças da altura. Alguns ainda acompanha. A outros perdeu o rasto. Mas eles não esquecem a Professora. Mesmo que passem décadas.

Mas comecemos do início. Todas as histórias começam com Era uma vez.

Maria Adelaide é a segunda de quatro irmãs, todas raparigas. Apesar de acreditar que o pai “andava à procura de um rapaz”, todas eram meninas, femininas, com laços na cabeça e roupa feita pela mãe. Quatro filhas, quatro Marias. A mais velha era “muito frágil”, Maria Adelaide era a “expansiva” e “desempoeirada”, as mais novas “eram as gaiatas”.



Viviam numa “casa aberta para quem quisesse entrar”, na cidade de Elvas, a 40 quilómetros de Vila Fernando, a aldeia onde nasceram os pais. Moravam por cima de uma oficina onde o pai trabalhou toda a vida “numa fidelidade a toda a prova”.

O pai - António Domingos Judas - era “do género que já não há”. Se necessário, interrompia o almoço para ir atender um cliente ou ajudar na oficina. Era também ele que geria o dinheiro, tal como os tempos ditavam.

A mãe - Maria Joana Eduardo - era trabalhadora e habilidosa. Serena na resolução de conflitos, tinha nas filhas a sua maior riqueza. “Maria, são teus olhos azeitona”, cantava. De forma suave, com cantigas e histórias, Maria Joana transmitia valores às filhas como se de uma brincadeira inocente se tratasse. Havia doçura e firmeza na educação: se o pai não estava, ninguém ia para a mesa. E, com duas bonecas, a mãe ensinava a arte de esperar pelo homem da casa.

O pai “mostrava o poder”. Existia uma espécie de “quero, posso e mando”, conta Maria Adelaide. Para as filhas, não havia escolha. E, à época, o curso adequado para meninas era o ensino. Quatro filhas, quatro professoras. Mesmo que os gostos ou competências apontassem outros caminhos. Maria Adelaide teve um honroso 16 a Ciências que lhe dava direito a uma bolsa. Poderia ter ficado num alojamento de freiras, sem pagar. Mas o pai não quis: “Entendia que tinha de fazer o sacrifício para dar o curso aos filhos”. Maria Adelaide não tirou o curso superior. Teve pena, mas resignou-se: “Acatei porque fomos habituadas a acatar”. Hoje sente saudades desses tempos. E as mágoas ficaram para trás.



De uma maneira ou de outra, Maria Adelaide sabe que iria sempre para o ensino. E quem a ouve entende porquê. Nunca gostou de decorar nem quis que os alunos o fizessem. Contava histórias, dava exemplos, era o exemplo. Distinguiu-se, nesta maneira de ser e estar, desde a primeira vez que entrou numa sala de aula, ainda para provar o que valia, perante três jurados, na prova final de acesso, hoje conhecida como tese.


“Nós tiramos um papel de um saco com o tema para desenvolver. Eu queria tirar Matemática. Agarrei em dois papéis, larguei um e só depois vi que tinha saído Matemática. Era como se fossemos dar uma aula. Tínhamos de fazer o plano da lição e depois íamos dar. Preparei em casa e fui comprar cerejas. (Nunca mais vi cerejas dessas grandes, bonitas!). Exemplifiquei tudo com as cerejas. No fim, explico que as cerejas antes tinham de ser lavadas e não podíamos deitar os caroços e os pauzinhos para o chão. Quando me sentei para fazer a defesa da tese, os dois primeiros gostaram de tudo e o terceiro diz ‘Não contou com o júri para dar cerejas!’ (risos). Na altura havia limites para dar notas por causa das vagas. Eu teria tido o 17, mas como não queriam subir-me tantos valores (porque tinha tido 13 no exame anterior), subiram-me três e tive 16”.


Foi colocada em Santa Eulália, onde esteve durante um ano. Mais tarde, já a viver em Lisboa, deu aulas em Miraflores e no Bairro de S. Miguel, onde ficou até se reformar. Nunca deixou um aluno para trás, garante. E estava atenta, não só às lições que tinham que aprender, como às vidas que, por vezes, se desenrolavam sem que ninguém soubesse. Lia-lhes a expressão, os olhos, os gestos. Descortinava problemas que as próprias crianças não contavam. Ajudava-as, defendia-as, educava-as.


“Esta miúda era um piolhinho”, conta, enquanto aponta para uma fotografia num livro de curso. “Era muito frágil e muito inteligente. A mãe bebia, tinha a casa toda desordenada. O pai, psicólogo, dizia que a miúda era imatura, mas eu não achava. Uma vez, faltou três dias à escola. Disse-me que tinha estado doente. Mas olhou para mim com um olhar diferente. No final da aula, perguntei-lhe porque tinha olhado para mim assim. Ela contou-me a verdade. Não tinha estado doente. A mãe, por ter bebido, não a tinha levado à escola. Nesse dia, saio da sala com a miúda, vou ter com a mãe e digo-lhe ‘A senhora está a desfazer todo o meu trabalho. Eu ensino-a a não mentir e a senhora está a ensiná-la a mentir’”.




Em cada rosto, uma história. Em cada nome, uma memória. Em cada aluno, um poema: “Escrevi uma quadra a cada aluno conforme eles eram. Eu não sou poeta, mas escrevia umas ‘porcariazinhas’”, confessa sem jeito de assumir que tem talento para as rimas. Enquanto folheia o livro de curso que fez para a turma de 1987-1991, vai recordando: “Esta era sossegadinha… Esta era boa aluna, mas não gostava que lhe chamasse Graça. Esta era muito alegre! Este era bom em tudo e perdeu-se: embirrou com um professor. Era filho de uma porteira e ela tinha complexos de inferioridade. Esta é filha de um médico conceituado e esteve comigo num almoço…”. Ainda hoje há alunos, adultos - com 30 e 40 anos - que recordam e mantêm contacto com a professora Maria Adelaide. Ainda hoje há quem lhe agradeça os valores que incutiu.

Mas não só de alunos é feita a história desta professora. Conheceu o marido, em Elvas, num baile de Carnaval. E não resiste a fazer um gracejo: "Dizem que os namoros de Carnaval não chegam à Páscoa, mas o meu já vai em 50 anos” (risos). Maria Adelaide estava acompanhada pela mãe e, na época, os rapazes iam buscar as meninas para dançar. Elas estavam sentadas nas cadeiras e, se não lhes interessava, diziam que não. “Já levaste um cabaço, hás-de levar dois ou três”, uma expressão popular que outrora se usava e que Maria Adelaide repete, divertida, como se fosse uma jovem de 20 anos outra vez. Mas a verdade é que Maria Adelaide disse que sim. Dançaram e, um mês depois, começaram a namorar. Assim estiveram durante cinco anos, até que Mário teve que ir para a Guiné, mobilizado. Antes que o destino pregasse mais partidas, quiseram deixar o compromisso selado. Mas o pai não permitiu. Talvez para proteger a filha do desgosto de ficar viúva antes mesmo de ter casado. Será que se resignaram?


“Ele queria deixar-me noiva e comprou-me um anel de noivado. Mas o meu pai não autorizou. Então fomos a uma Igreja e ele pediu-me em casamento, às escondidas".


Mário esteve “dois anos certos no Ultramar”. Trocavam correspondência, aerogramas - uma espécie de carta fechada, que não precisava de selo, usada apenas para quem estava mobilizado. Ele relatava os ataques e os progressos. Ela fechava-se na casa-de-banho, a ler as cartas, para que não a vissem chorar. As cartas foram queimadas, muitos anos depois, num monte, por opção do casal. Mas as memórias estão bem guardadas. E algumas são doces de recordar, como o poema que Mário, em tempos, escreveu, na expectativa de encurtar a distância que o separava da sua amada: “Se uma gaivota branca suas asas me emprestasse, voava voava sempre até que Elvas encontrasse”.

Após um ano na guerra, Mário pode vir a casa: “Fomos buscá-lo ao aeroporto. Foi uma alegria imensa! Mas não havia beijos nem nada, ai meu Deus. Nem um abraço! Nem isso.” Hoje, Maria Adelaide tem “acompanhado mais a época”: “Por exemplo, os namorados conhecem-se e vão logo viver juntos”, exemplifica. Mas, na altura, “o namoro era à janela”: "Quando voltou do Ultramar, tinha carro e ia buscar-nos à escola. Mas eu não podia andar de carro sozinha com ele. Ia a minha irmã mais velha ou outra pessoa qualquer. Mas podia ir sozinho com a minha irmã”, conta, com um encolher de ombros, entre risos e saudosismo. Mário voltou do Ultramar em Novembro, casaram em Julho: 17 de Julho de 1966, em Vila Viçosa, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição: “Fiz a promessa que casava lá se o meu marido voltasse do Ultramar e estivesse tudo bem”, conta Maria Adelaide. “Também fizemos lá as bodas de ouro”.


Pouco tempo depois, soube que estava grávida e “foi uma alegria enorme” porque ambos queriam ser pais logo. Também os futuros avós, pais de Maria Adelaide, “ficaram doidos” com a notícia. Nesta altura, já Mário trabalhava em Lisboa, na Caixa Geral de Depósitos, enquanto Maria Adelaide dava aulas em Elvas.


“Estava a lecionar em Vila Boim, a 10 quilómetros de Elvas, e estivemos um ano separados. Fiz a gravidez do meu filho sempre separada dele. Nós alugámos casa em Elvas, mas, como ele não estava, fiquei nos meus pais. No fim-de-semana ele ia lá e íamos para nossa casa”.


A gravidez do seu primeiro filho “foi normalíssima”, “sem enjoos nem nada” e a trabalhar “até ao fim”. Mas o parto “não foi nada fácil”: “Naquela altura, se fossemos para quartos particulares, podíamos escolher a parteira. Eu tinha escolhido a D. Emília. Mas o médico disse-me ‘Não, não, ela já está velha e deixa morrer os bebés’. Só que eu já tinha falado com ela e não tive coragem de voltar atrás. Por isso, no dia do parto, chamei a D. Emília. Mas o bebé não nascia, tinha o cordão umbilical enrolado ao pescoço e eu comecei a pensar ‘Ai meu deus, que ela ainda deixa morrer o bebé”. Tivemos que chamar o médico e o bebé foi retirado com ventosas. Mas correu tudo bem. E o médico nunca tocou no assunto”.

João Paulo nasceu a 4 Maio de 1967. Nessa altura, a licença de maternidade era de apenas um mês. E, como estava a ser amamentado, tinha de estar perto da mãe. Então, a solução que Maria Adelaide encontrou foi levá-lo consigo para o trabalho: “Nessa altura, não havia o hábito de tirar o leite, guardar e depois dar. O menino tinha de estar comigo. Enquanto dava aulas, ele ficava num berço, na sala dos professores e as empregadas iam espreitando. Eram tempos completamente diferentes. Eu nem tinha carta, tinha de ir de transportes públicos com um menino de um mês”.

João Paulo foi sempre “um miúdo muito calmo”: “O meu pai trabalhava na oficina e dizia que preferia ter o meu filho um dia inteiro lá e o meu sobrinho nem um minuto”, conta Maria Adelaide, entre risos. A mudança para Lisboa, para ir ter com o marido, deu-se em Outubro de 1967 - João Paulo tinha três meses. Uma “tia-avó, já viúva” veio do Alentejo para ajudar a criar o menino.

Três anos depois, Maria Adelaide descobre que está grávida outra vez. Mas fazia-lhe “muita confusão as maternidades” da capital: “Tinham muitos bebés ao mesmo tempo e eu tinha receio que fossem trocados”. Ao desabafar com a médica que a assistia, no Hospital de Santa Maria, recebeu compreensão: “Eu sei a falta que faz o calorzinho da mãe numa altura como esta”, disse-lhe. Por isso, dez dias antes, Maria Adelaide foi para Elvas “de propósito” ter a bebé. E, desta vez, tudo correu às mil maravilhas: “Acordei às três da manhã com o rebentamento das águas, a menina nasceu às 4h20. Foi uma maravilha. O parto da minha filha também foi feito pela D. Emília. Não foi preciso chamar médico. Desejo a todas as pessoas que sejam tão felizes como eu fui naquele parto”. E a felicidade ainda era maior por ser uma menina, que Maria Adelaide tanto desejava. Margarida nasceu a 20 de Maio de 1970. E uma semana depois estavam de regresso a Lisboa.

Margarida era “ainda mais calma” do que João Paulo: “Ele ainda trepava para cima da mesa e das cadeiras. Ela não fazia asneiras nenhumas”.

Ambos foram “muito estimulados em tudo” pela mãe e tanto João Paulo como Margarida começaram a frequentar a escola antes do tempo. A mãe levava-os para o trabalho, pedia a uma colega que ficasse com eles na sala de aulas, junto de outras crianças de idades aproximadas e, assim, mesmo sem querer, iam aprendendo. Mas, por causa das regras do sistema de ensino, ambos tiveram que repetir um ano: João Paulo “repetiu o 1º ano” porque apesar de ter aprendido a ler e a escrever, com cinco anos, “ainda dava erros de português” e Margarida “repetiu a 4ª classe” porque “não tinha idade” para passar. Só que os estímulos não se limitavam à escola: Margarida frequentou a Alliance Française, fez natação e teatro. João Paulo fez natação e mini-golfe. E, claro, a mãe e professora aproveitava todas as oportunidades para desafiar o raciocínio dos filhos:


“Uma vez, estou com o meu filho, vamos a passar pela Igreja de Queluz, que tinha um muro e pergunto-lhe: ‘Este muro demorou um dia a ser construído por três homens. Se fosse só um homem, quantos dias demorava?’. E ele respondeu logo: ‘Três dias’”, relata, orgulhosa.


Também Margarida ainda estava na “primeira fase” do ensino e já sabia fazer “contas de dividir com dois algarismos”.

Durante a escola primária, ambos os filhos frequentaram o ensino público, depois foram para o colégio Vasco da Gama. No entanto, era um colégio “muito severo”: “O meu filho dizia ‘Aquele colégio devia ser chamado de colégio da tareia: um aluno faz asneira, o professor repreende; faz a segunda asneira, o professor repreende outra vez; faz a terceira, leva”, conta Maria Adelaide. E a filha também “vinha muito revoltada com o que acontecia com os outros”. Por isso, no 9º ano mudou para o colégio S. João de Brito.

A verdade é que tanto João Paulo como Margarida “foram sempre muito certinhos”. João Paulo “começou a namorar muito cedo, com 16 anos” e o pai teve uma conversa com ele: “O meu marido disse-lhe ‘Não te prendas, tens de gozar a vida’. Ele respondeu que já tinha gozado a vida. Mas esse namoro não resultou e quando foi para o Técnico conheceu a mulher actual com quem casou quando terminaram o curso”. Já Margarida "não foi namoradeira” nem “era de sair muito à noite”: “Uma professora dela do curso convidou-a para o Ministério das Finanças e foi lá que conheceu o marido”.


Uma família unida, com uma vida pacata, na qual se contam, pelos dedos das mãos, os episódios menos afortunados. Ou talvez tenha sido esta união que os fez sempre ultrapassar os obstáculos com coragem e serenidade.

Depois de terem vivido em Queluz, resolveram mudar para Miraflores, “para uma casa maior e melhor, com sete assoalhadas”. Maria Adelaide e Mário decidiram fazer obras porque a casa não estava ao gosto do casal: “tinha alcatifa e paredes cada uma de sua cor”. Os miúdos - com 8 e 11 anos, na altura - estavam em Elvas, em casa dos avós, quando se dá um episódio que viria a marcar a família.


"Nós estávamos sozinhos a dormir naquele que seria o quarto da empregada. Às três da manhã, acordamos com barulho. O meu marido vê fumo e eu percebo que é na nossa casa. O fogo dá-se no nosso quarto, onde ainda não havia mobília e estava a funcionar como armazém. Ainda disse ‘Vamos salvar coisas’. Mas o meu marido disse ‘Nem pensar’. Eu vim para o corredor, saí por uma porta, ele saiu por outra. Deixámos de nos ver. Eu vim para a rua de camisa de dormir e o meu marido andava a ajudar os bombeiros porque não me encontrava. No quarto da minha filha, os brinquedos derreteram e ficou a marca nas paredes. Ficámos sem casa para viver.”


Ficaram provisoriamente em casa de amigos. Alguns cederam a própria cama. Outros emprestaram um apartamento. Os fornecedores ofereceram cozinhas. Os bombeiros foram de uma honestidade louvável: “O ouro foi retirado às pazadas e de cada vez que encontravam uma peça vinham entregar”. E, com toda esta ajuda, ergueram a casa das cinzas e a vida continuou. Maria Adelaide perdeu o rasto à maioria, mas gostava de revê-los - a todos. E demonstrar-lhes a sua gratidão profunda.

No meio de tantas memórias, Maria Adelaide passa, de forma subtil, por “um problema de saúde grave” que a obrigou a fazer uma mastectomia. Subtil não na doença. Mas na importância que lhe dá ao contar. Muito mais importante, na sua perspectiva, foram os sustos que a vida tem pregado aos seus.



Maria Adelaide teria tido mais filhos “se a vida proporcionasse”. Talvez por isso, João Paulo e Margarida seguiram-lhe as pisadas na vontade de ter uma família (mais) numerosa: tiveram quatro filhos cada um. A avó Bibi - assim lhe chamam carinhosamente - orgulha-se dos seus “oito netos maravilhosos”, todos "bons meninos, tanto de um lado como do outro”. Enumera, de cor, sem hesitar, os nomes, idades e em que fase dos estudos estão. O filho João Paulo tem quatro rapazes: Gonçalo (24 anos), Vasco (22 anos), Diogo (19 anos) e Tomás (15 anos). A filha Margarida tem duas meninas e dois meninos: Joana (21 anos), Catarina (19 anos), Henrique (17 anos) e António (13 anos). Os primos “adoram-se”, garante. E a avó Bibi orgulha-se da individualidade de cada um, das suas histórias, dos seus feitos. Pergunta-se, muitas vezes, se ter esta família - unida, completa, feliz - é resultado de “sorte ou educação”. Recorda os valores que recebeu, em particular, do pai, um homem “muito recto, honesto e vertical” e frisa, em jeito de ponto de honra, que, quando foi a sua vez de educar, nunca impôs as suas ideias: “Nós deixámos os nossos filhos escolher”.

Talvez - sublinha - tenha ajudado a forma como Maria Adelaide e Mário escolheram educar os filhos: “Todos os casais têm desentendimentos. Mas nunca demonstrámos perto dos miúdos. Nunca viram se eu estava chateada. E também nunca nos desautorizámos. Se o meu marido castigava, eu podia dizer por detrás ao meu marido que não devia ter castigado. Mas nunca o desautorizei à frente dos miúdos”.

Um dia, quando já não estiver cá, Maria Adelaide gostava que se lembrassem dos seus conselhos e seguissem os seus exemplos. A avó Bibi pode ainda não ter percebido o que, se calhar, a professora já percebeu: filhos, netos e alunos já seguem o que lhes transmitiu. E os valores, as aprendizagens, as cantigas e as lições ninguém esquece. Ficam para sempre.

 

Esta história foi escrita a pedido de Margarida e João Paulo, filhos da professora Maria Adelaide, como forma de surpreendê-la no dia do seu 80º aniversário. Se gostaria de contar a sua história, de uma pessoa da sua família, do seu casamento, da sua empresa, de uma marca, veja aqui mais informações. Toda a gente tem uma história. Qual é a sua?

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